Gasta-se mesmo muito com transporte escolar. E por quê? Por puro comodismo e descompromisso com a educação, eu diria, e não para "dar
acesso fácil e seguro à escola" como o discurso de prefeitos e legisladores pode enganar.
Basta fazer as contas: o dinheiro alocado para garantir este acesso é sempre precário e desgastante para o estudante e também
pedagogicamente e socialmente desaconselhável (a escola deve se inserir na comunidade, não é mesmo?). Some este gasto permanente por
um ano ou dois e teremos escolas na própria comunidade, com professores e capacitação. Ah! Os professores etarão longe da escola e
o problema se inverte? Um projeto de formação local com orientação poderia amenizar o problema no curto prazo, o uso de tecnologias para
esta capacitação e para diversificar os recursos escolares para os alunos e professores também ajuda a retirar estas escolas de algum
pretenso isolamento.
Se compararmos tais gastos permanentes que não geram valor humano e conhecimento (trasporte escolar) com a construção de escolas,
capacitação de pessoal, com novos e tradicionais recursos pedagógicos, com o mesmo volume de dinheiro, não dá para apoiar esta política
equivocada.
E por que ela persiste?
O transporte escolar rural é garantido por lei (acho que está até na Constituição). Todo esse dinheiro vem direto do governo federal para
administração do município, engordando sua conta (e de alguns prefeitos, é claro, já que é de difícil fiscalização).
O município não precisa "meter a mão no bolso", só administrar o recurso e prestar contas ao Conselho Municipal de Educação (controlado
pelo secretário de educação e, muitas vezes, com a esposa e outros cumpadres do prefeito no conselho).
O prefeito põe uma faixa no ônibus ou caminhão em fim de vida com os dizeres "prefeitura trabalhando" e garante votos futuros sem nenhum
esforço.
É o mesmo que acontece com a prefeitura que prefere alugar/comprar um ônibus com dinheiro próprio ou federal para levar seus doentes ao
hospital de outra cidade. Na lateral do veículo vai estar o slogan do prefeito, como se fosse uma grande realização.
A médio e longo prazo é um dinheiro perdido. Talvez se tais leis fixassem prazos para a solução do problema, evitando que o paleativo
se torne permanente...
Publicado em 08 de março de 2007 na
EAD-L.